Há 4 quatro anos eu aprendi na Escola Agrícola Assis Chateaubriand, a técnica de cultivar Bonsais. Isso mesmo Bonsais, aquelas árvoresinhas pequeninas que não crescem nunca. Uma cultura asiática milenar, que existe até hoje e conquistou admiradores em todo o mundo.
Há 4 anos eu plantei meu bonsai, num dia bonito de sol, lembro como se fosse hoje. Há quatro anos que eu cuido dele, ele sempre foi verdinho e cheio de vida, com raízes fortes profundas, apesar de se esconderem em apenas quinze centímetros de solo, elas são fortes. Ou eram. Nos últimos meses por algum motivo, que não sei qual, suas folhas caíram todas por completo, e já não sei mais o que fazer para elas florecerem em seus galhinhos denovo. Passei tanto tempo cultivando ele, para que se tornasse um forte bonsai. Vou mudá-lo de járro, mudar seus adúbos, melhorar seu cultivo, melhorar mais tudo o que eu dava pra ele.
Há meses que em um tempo estranho e vazio da minha vida, eu encontrei algo que, me provou que ainda era possível ver esperança no que eu já não acreditava mais. Há meses eu achei que valia a pena algo que eu tinha a certeza de que não valia.
Cultivei com todo o meu esforço, me dediquei como nunca, me prendendo e não conseguindo negar mais, ou controlar mais. Cresceu, ficou verdinho, belo, perfeito. Me dava esperanças em dias de lamento e desistência. Me dava a certeza de que eu era mais do que falavam por aí. Me dava um grande motivo para acordar de manhã e sorrir por uma real felicidade. Cultivei, cuidei, e cresceu, cresceu tanto que se tornou minha vida...
Então, um dia perdeu a vontade de fica perto de mim, perdeu a força que tinha na raíz do coração jovem. Não viu mais em mim o que muitos não viam, deixou de achar que o meu coração tinha grande valor. Me deu um adeus, este que doeu forte demais. Insuportável. As folhas caíram e eu me vi desesperado, sem saber o que fazer para que elas floracem outra vez. Secaram, meu coração secou junto, mudou a estação. E mesmo que eu mudasse o cultivo, mesmo que eu mudasse os adubos, ou o járro, não floreceu denovo.